FBI desmantela esquema de trapaça no poker ligado a técnicos da NBA e máfia de NY
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A NBA foi envolvida em uma “ampla operação criminosa” com ligações à Máfia de Nova York, segundo o diretor do FBI Kash Patel.
Técnicos e jogadores atuais e antigos da NBA foram implicados em duas operações ilegais de apostas e manipulação esportiva que duraram anos. Uma operação coordenada em 11 estados também resultou na prisão de 13 membros das famílias do crime Bonanno, Gambino e Genovese.
De acordo com Patel, essa investigação de vários anos envolveu dezenas de milhões de dólares em fraude, furto e roubo, com acusações que incluem fraude eletrônica, lavagem de dinheiro, extorsão, roubo e jogo ilegal.
Dois Casos: Apostas Esportivas e Jogos de Poker Manipulados
Na coletiva de imprensa, o procurador dos Estados Unidos para o Distrito Leste de Nova York, Joseph Nocella, explicou dois casos distintos. Embora separados, ambos envolviam fraudes e três réus em comum, um deles sendo o ex-assistente técnico do Cleveland Cavaliers Damon Jones.
"Audaciosa" Corrupção Esportiva
Nocella classificou o caso como uma das mais “audaciosas” tramas de corrupção esportiva desde que as apostas esportivas online se tornaram amplamente legalizadas nos Estados Unidos. De dezembro de 2022 a março de 2024, seis réus teriam explorado informações confidenciais sobre atletas e equipes da NBA para realizar apostas em desempenhos individuais de jogadores.
Essas apostas incluíam opções “under” (abaixo da média esperada) em pontos, rebotes e assistências. Elas eram feitas com base em informações privilegiadas sobre quando jogadores ficariam de fora de partidas futuras ou se retirariam de jogos em andamento. Em alguns casos, os próprios atletas alteraram seu desempenho ou se retiraram das partidas.
Durante a coletiva de imprensa, foi explicado que Terry Rozier contou a outros que deixaria uma partida mais cedo devido a uma lesão. Membros do grupo apostaram mais de US$ 200.000 em estatísticas “under” nesse jogo. Depois que ele saiu da partida após nove minutos, as apostas renderam dezenas de milhares de dólares em lucro.
Trapaça de Alta Tecnologia em Jogos de Poker Manipulados
O Departamento de Investigações de Segurança Interna informou que a “Operação Royal Flush” revelou um esquema sofisticado para enganar vítimas e obter US$ 7.000.000.
Um total de 31 réus, incluindo atletas profissionais, teria participado de um esquema para manipular jogos ilegais de poker em todo os Estados Unidos, com partidas ocorrendo nos Hamptons, em Las Vegas, Miami e Manhattan.
Supostamente, os jogos em Nova York eram financiados pela Máfia, especificamente pelas famílias Bonanno, Gambino e Genovese.
De acordo com Nocella, as vítimas eram atraídas para participar dos jogos manipulados com a promessa de jogar ao lado de ex-atletas profissionais. Essas vítimas eram chamadas de “fish” (peixes), enquanto os atletas famosos eram chamados de “face cards” (cartas de rosto).
Esses “face cards” incluíam Chauncey Billups, técnico principal do Portland Trail Blazers, e Damon Jones.
As vítimas não sabiam que todos na mesa, incluindo os dealers e outros jogadores, faziam parte do golpe.
Eles usavam máquinas de embaralhar convencionais que haviam sido secretamente modificadas para ler as cartas, prever qual jogador da mesa teria a melhor mão de poker e enviar essa informação a um operador remoto.
O operador então reenviava as informações por celular a um jogador da mesa. Ele era conhecido como o “quarterback”, que, por sua vez, sinalizava as informações recebidas aos outros participantes.
Outros métodos incluíam:
- Analisadores de bandejas de fichas que liam cartas secretamente;
- Lentes de contato ou óculos especiais para ler cartas previamente marcadas;
- Mesas de raio-X capazes de identificar cartas viradas para baixo.
Embora a máfia já tivesse controle sobre jogos ilegais de poker não manipulados em Nova York, acabou se envolvendo também nos jogos adulterados — organizando-os, recebendo uma porcentagem e cobrando dívidas. Os lucros eram posteriormente lavados por meio de empresas de fachada e criptomoedas.
A mensagem de Nocella aos envolvidos foi clara: “Sua sequência de vitórias acabou. Sua sorte terminou. Violar a lei é uma aposta perdida — e disso você pode ter certeza.”
Quem Está Envolvido?
Os três jogadores ou técnicos da NBA envolvidos são Chauncey Billups, Terry Rozier e Damon Jones. Rozier e Billups comparecerão ao tribunal federal onde foram presos e serão formalmente acusados em Brooklyn em uma data futura.
Chauncey Billups
A prisão de maior destaque é a de Chauncey Billups, atual técnico do Portland Trail Blazers. Billups foi introduzido no Hall da Fama do Basquete no ano passado, após uma carreira de 17 anos que incluiu o título de Jogador Mais Valioso (MVP) das Finais da NBA em 2004 e cinco participações no All-Star Game. Ele foi a terceira escolha geral no Draft de 1997 e encerrou sua carreira com médias de 15,2 pontos e 5,4 assistências por jogo.
Terry Rozier
Selecionado na primeira rodada, com a 16ª escolha geral em 2015, Terry Rozier atuou por três equipes ao longo da carreira, sendo o Miami Heat sua mais recente. Ele não participou da estreia da temporada na noite de quarta-feira.
Rozier já havia sido alvo de controvérsias por seu desempenho em uma partida de março de 2023, quando atuava pelo Charlotte Hornets contra o New Orleans Pelicans. Seu advogado afirmou à ESPN que Rozier se reuniu com autoridades da NBA e do FBI em 2023 e que, após investigação da liga, não foram encontradas irregularidades.
Damon Jones
Damon Jones foi indiciado tanto no caso das apostas esportivas quanto no dos jogos de poker manipulados. Ele jogou por dez anos durante sua carreira de 11 temporadas na NBA antes de se aposentar em 2012. Posteriormente, integrou a comissão técnica do Cleveland Cavaliers como assistente entre 2016 e 2018.
Nota: Créditos das imagens — Erik Drost (Chauncey Billups e Terry Rozier) licenciadas sob CC BY 2.0
