Brian Rast conquista o hepta após virada milagrosa no Razz Championship da WSOP

Copiar link Compartilhar no Twitter Compartilhar no Facebook

2025 Jun 20 5 min. de leitura

Seis braceletes. Três títulos do PPC. Inclusão no sagrado Hall da Fama do Poker. Brian Rast já havia conquistado tudo ao longo de sua carreira no poker, consolidando seu status como um dos maiores nomes de todos os tempos. Mas nem ele jamais teve um dia como o que acabou de viver para encerrar o Evento #50: US$ 10.000 Razz Championship da World Series of Poker (WSOP) 2025 como campeão.

Rast enfrentou Andrew Yeh em um heads-up valendo seu sétimo bracelete, numa batalha que se mostrou a mais difícil de sua carreira. Ficou short. Dobrou. Ficou short de novo, antes de encontrar um milagre. E assim sucessivamente, em um duelo que exigiu cada segundo de concentração — algo que Rast nunca havia experimentado. No fim, não só voltou para o jogo, como derrotou Yeh para conquistar o título e o prêmio principal de US$ 306.644, superando um field de 134 jogadores.

Resultado da Mesa Final

"Gratidão Imensa"

As emoções de Rast após a vitória eram palpáveis. Depois de apertar a mão de Yeh na mão final, ele afundou na cadeira, com a cabeça entre as mãos, tentando compreender o feito. As lágrimas escorriam. Ele lutou uma batalha longa e difícil — e venceu.

"Apenas gratidão imensa. Sinto que ninguém nunca 'merece' ganhar um torneio porque é insano tudo que precisa acontecer para vencer. Fiquei muito short pelo menos duas vezes, talvez três", disse Rast. "Gostei muito do meu mindset. Antes mesmo da mesa final, eu me dizia: foque no seu jogo. Se você cair agora, não importa o que aconteça, você tem uma vida incrível, está bem, jogando um bom poker. E isso é tudo que posso controlar. Estou muito feliz com meu desempenho, especialmente nesse sobe e desce emocional. Foi o heads-up mais longo que já enfrentei. O Andrew dificultou muito."

Rast buscava se tornar apenas o 14º jogador da história da WSOP com sete braceletes. Mas, com os anos, aprendeu a não focar tanto no resultado final, e sim no caminho. Ele estaria satisfeito se sentisse que jogou bem, mesmo que as cartas favorecessem Yeh — uma lição que aprendeu no ano anterior, quando, apesar de dois grandes resultados, saiu com uma sensação de frustração.

“Tive uma boa série no ano passado, mas cheguei ao heads-up no US$ 25K PLO e não fiquei satisfeito com meu jogo, especialmente em alguns spots importantes. E até no Main Event, quando tive minha melhor performance (24º lugar), saí insatisfeito com a mão da eliminação”, revelou.

"Honestamente, às vezes isso pesa mais que o próprio resultado, sabe? Porque eu já joguei tanto que, quando estou num bom estado mental, aceito que o resultado depende dos deuses do poker, da sorte. Mas posso jogar bem. E fiquei muito feliz com esse torneio porque acho que joguei realmente bem o tempo todo, até no heads-up. Não lembro de ter chorado tanto após uma vitória — o que é louco, já que é o número 7."

Ação do Dia 4

Rast e Yeh retornaram para um Dia 4 extra após não decidirem o campeão na noite anterior. Yeh começou liderando com 6.095.000 contra 1.940.000 e logo fez um 6-5-4-3-A, vencendo um grande pote e deixando Rast com apenas 260.000 fichas — pouco mais que uma big bet.

Rast dobrou duas vezes, chegando a 900.000, depois fez um 6-5-3-2-A para dobrar de novo. Yeh continuava pressionando, apostando até a sétima street, com Rast pagando. Yeh apostou de novo e Rast ficou em tank por vários minutos antes de pagar. Yeh mostrou J-9-8-7-4 e Rast muckou, voltando a menos de 1.000.000.

Com apenas 500.000 fichas, e prestes a começar o primeiro intervalo do dia, Rast viu Yeh all-in mostrando 6-5-4-3-A. Parecia o fim. Mas Rast puxou um cinco no river e fez um wheel milagrosamente. “Ele conseguiu, caramba”, disse Yeh, incrédulo. “O sonho continua”, declarou Rast.

Ainda com 500.000 fichas, Rast fez um 8-6-4-3-A para mais uma dobra. Subiu para mais de 3.000.000 com 7-5-4-2-A e assumiu a liderança pela primeira vez. Depois apostou na sétima e forçou Yeh ao tank. Quase cinco minutos depois, Yeh pagou e Rast mostrou 8-6-5-4-3, ganhando o pote e deixando Yeh short.

Com apenas 600.000, Yeh foi all-in com um Kx aparente, e Rast pagou com um dois. Rast terminou com 10-9-3-2-A, enquanto a mesa de Yeh evoluiu para uma dama — o que o deixou drawing dead antes mesmo da última carta. O sonho de Rast não só permaneceu vivo, como se realizou.

Com o sétimo bracelete, Rast atinge um novo patamar na elite do poker. “Vamos colocá-lo de novo”, brincou o VP da WSOP, Jack Effel, com o Hall of Famer após o torneio. Rast percorreu um longo caminho: de jogador de cash games que nem levava a WSOP tão a sério, a campeão consagrado. E, ao longo dos anos, refletiu bastante sobre sua jornada.

“Já pensei bastante sobre onde eu me encaixo. Mas, em geral, acho que não sou eu quem deve dizer. Isso é para vocês decidirem. Para os outros jogadores falarem”, afirmou.

“Consegui olhar minha carreira em vários momentos. Especialmente em retrospecto, tudo fica mais claro. Muita coisa mudou. Antes da COVID, eu nunca levei a World Series tão a sério. Grindava cash pesadamente, depois aparecia para jogar uns 10 ou 12 torneios, registrando tarde, só para variar e me distrair. Depois da pandemia, venho só para a WSOP. Não jogo mais cash. Nem poker o ano inteiro. Venho para tratar isso como um jogo em si — dar tudo de mim e buscar o melhor.”

Rast sabe que, um dia, tudo isso vai acabar. Quando perder a motivação ou os resultados, vai parar de grindar. Mas esse dia não é hoje. E, mesmo com o passar dos anos, ele prova que ainda tem muito a oferecer.

“Todo ano eu me pergunto: será que é agora que vou perder a pegada? E todo ano continuo tendo bons resultados. E mais importante do que isso, me sinto satisfeito com meu jogo. Acho que, aos 43, ainda estou mandando bem — e isso me faz feliz.”

Siga no

• Tags WSOP Brian Rast
• Torneios Relacionados World Series of Poker
• Jogadores Relacionados Brian Rast