Ele largou os estudos e virou fenômeno no poker; conheça Samuel Mullur

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2025 Nov 26 6 min. de leitura

A ascensão de Samuel Mullur ao topo do high-stakes de poker tem sido nada menos que meteórica.

Menos de dois anos após sua vitória na WSOP Paradise (e com um retorno às Bahamas no horizonte no próximo mês), é justo dizer que o jovem austríaco consolidou sua reputação como um dos maiores talentos emergentes do poker.

Com títulos no circuito Triton e no EPT Barcelona neste verão, somando-se ao seu primeiro bracelete, Mullur ultrapassou os US$ 10 milhões em premiações de torneios ao vivo, conquistou um lugar no elenco de embaixadores elite do GTO Wizard e subiu para a terceira posição na competitiva all-time money list de seu país.

A jornada foi tão fácil quanto parece? Longe disso. Mullur se junta a uma longa linhagem de jogadores (incluindo Daniel Negreanu e Stu Ungar) que deixaram a escola cedo para buscar outro caminho antes de finalmente encontrarem sua vocação no poker.

Em uma conversa com o PokerNews durante a Triton Super High Roller Series Jeju II, em setembro, o ex-integrante da PokerCode Grindhouse refletiu sobre sua trajetória até aqui, sobre como encontrou estrutura e disciplina sob a mentoria de Fedor Holz, e sobre a abordagem analítica necessária para competir regularmente nos torneios de maior buy-in do poker.

Abraçando o Grind

Embora a ascensão de Mullur nos últimos anos tenha sido rápida, não há dúvida de que ele colocou incontáveis horas de estudo e jogo.

Ele havia conquistado seu primeiro título Triton poucos dias antes, em Jeju, durante a primeira edição da Triton One, vencendo o US$ 2.000 One Night Bounty Quattro. "É uma sensação muito especial. Tento me manter grato sempre que entro nessa arena", disse Mullur ao PokerNews, falando sobre sua relação com o principal circuito high-stakes do poker.

"Sempre quero me lembrar da jornada, das sensações da trajetória também. Tem sido um grind de verdade”, acrescentou, refletindo sobre as semanas marcantes que viveu na Super High Roller Series em Jeju.

"Sempre quero me lembrar da jornada, das sensações da trajetória também."

Ao longo de quatro mesas finais — incluindo um acordo no Triton US$ 100.000 Jeju II Main Event, que lhe rendeu cerca de US$ 3,5 milhões, o maior prêmio da carreira — Mullur confirmou mais uma vez que pertence à elite do high-stakes. Sua história, porém, está longe de ser a de alguém que simplesmente "caiu de paraquedas" nos maiores torneios do mundo.

Com 28 anos atualmente, ele largou a escola no ensino fundamental para seguir carreira nos eSports e marketing, até perceber que sua verdadeira paixão era o poker. Ele está no circuito há mais de cinco anos e, há menos de três anos, ainda terminava em terceiro lugar em um torneio de €50 na Tchéquia, construindo seu bankroll literalmente do zero.

"Dediquei muito tempo e esforço até chegar aqui. Obviamente, também runei muito bem. Conheci as pessoas certas no momento certo", afirma, refletindo sobre o caminho que o levou ao palco da Triton.

"Mas, sim, é muito bom estar aqui. É incrível ganhar meu primeiro título Triton, mesmo sendo de prata, e ainda falta o de ouro — mas tenho certeza de que está por vir", disse, sorrindo.

Aprendendo com Fedor

Mullur, assim como outros regulares do high-stakes — incluindo Mario Mosböck, Roland Rokita e Fabian Bernhauser — é mais um dos talentos formados pela PokerCode Grindhouse.

A escola de poker Alpina, fundada pelos também regulares da Triton Fedor Holz e Matthias Eibinger, produziu um número impressionante de jogadores de sucesso nos últimos anos, e Mullur é rápido em creditar essa formação.

Sempre muito autocrítico sobre as áreas de seu jogo que ainda precisam melhorar, Mullur diz: "Eu não sou muito estruturado. Para mim, é muito fácil colocar mais volume do que qualquer um ou grindar sem parar, mas estrutura é onde eu realmente tenho dificuldade."

"Fedor foi um mentor muito forte, bom e sábio, sempre ali ao meu lado."

Falando sobre seu tempo na Grindhouse, acrescenta: "Eles são extremamente profissionais no que fazem. Levam tudo muito a sério e são super estruturados, e esse foi meu maior aprendizado."

Sobre Holz em particular — alguém que, segundo Mullur, "teve um impacto enorme" em sua carreira — a gratidão é evidente. "Fedor foi um mentor muito forte, bom e sábio ao meu lado, com uma visão de cima do que estávamos fazendo e nos guiando na direção certa sempre que desviávamos."

"Todas as coisas diferentes que estudamos aparecem em tantos spots distintos", ele refletiu. "Sim, vou levar os aprendizados comigo para sempre."

Tornando-se um GTO Wizard

Conhecido pela abordagem analítica e pela ética de trabalho incansável, Mullur foi recentemente anunciado como Team Pro do GTO Wizard, juntando-se a um time estrelado que inclui Shiina Okamoto e Dan "Jungleman" Cates.

"Preparação e estudo, na minha opinião, são tudo”, diz ele ao descrever como encara uma série Triton. “Na Triton, você tem esses fields polarizados, com os melhores do mundo e empresários muito bem-sucedidos que jogam de forma recreativa. É uma combinação de tentar jogar próximo ao solver e, ao mesmo tempo, muito explorativo."

Mullur explica que dedica boa parte do estudo aos spots onde os melhores do mundo estão encontrando edges sutis.

"Se você jogou milhões de mãos... há coisas que você reconhece subconscientemente e que ajudam a tomar decisões melhores além do que o computador sugeriria."

"Hoje em dia, especialmente com os novos recursos do GTO Wizard, temos pós-flop ICM, pots multiway… São esses os spots onde você realmente sente os profissionais colocando muitas horas, e todos estão se aproximando do que é considerado ideal."

Mas ele ressalta que software algum substitui o instinto humano: "Os humanos estão longe de jogar de forma ideal. A maioria dos modelos, como o ICM, já é falha por natureza. Ainda estamos longe da perfeição."

'Também é muito importante ouvir sua intuição. Se você jogou milhões de mãos contra centenas ou milhares de oponentes, existem padrões que você reconhece subconscientemente e que ajudam a tomar decisões melhores fora do que o solver mostraria."

WSOP Paradise & Família

Se há um destino fora de Jeju que realmente significa algo para Mullur, é a WSOP Paradise nas Bahamas. Antes da recente sequência na Triton Super High Roller Series, seus dois maiores prêmios haviam sido conquistados no Atlantis — incluindo sua vitória no GGMillion$ High Rollers Championship, em 2023, para cerca de US$ 2,7 milhões.

Mas a conexão dele com o lugar não é apenas sobre troféus e prêmios. "Da última vez, pela primeira vez, levei minha mãe para uma dessas viagens de poker, e foi nas Bahamas. Foi muito divertido e especial. Ela ficou superfeliz", conta.

Ele planeja manter essa vibe familiar neste ano também: "Vou levar meu irmão, tentar me classificar online para o Main Event, tirar cinco dias de descanso e curtir o tempo com a família."

Ainda assim, ele não perde o foco: "Estou especialmente ansioso pelos torneios Triton. A Triton faz um trabalho incrível em tornar a experiência de jogo a melhor possível, então sim, estou animado."

Top 5 resultados da carreira de Samuel Mullur

_{*Fotos cortesia de Triton, Drew Amato, Enrique Malfavon & Spenser Sembrat}

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