De Grinder a lenda: a carreira surreal de Michael Mizrachi no poker
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O poker tem um novo campeão mundial, e seu nome é Michael Mizrachi.
O "The Grinder" chegou ao topo do mundo do poker sob o calor escaldante do deserto de Nevada na última quarta-feira, conquistando o Main Event da WSOP e completando um feito que ninguém na história do jogo jamais alcançou.
Foi uma longa jornada para o jogador natural da Flórida — campeões não são forjados da noite para o dia. Então, como Mizrachi chegou a este momento definidor? Vamos revisitar a carreira do mais novo campeão mundial do poker.
Sucesso Precoce no WPT
Mizrachi descobriu o poker em casa, aprendendo o jogo com seu irmão mais velho, Robert Mizrachi, que também é dono de cinco braceletes da WSOP. Juntos, transformaram o sobrenome Mizrachi em um dos mais respeitados da história do poker.
Começando online, Mizrachi rapidamente encontrou o sucesso, enfrentando fields gigantes com um estilo consistente e direto que lhe rendeu o apelido "The Grinder". Após perceber que poderia ganhar dinheiro de verdade nas mesas, largou a faculdade e deixou de lado os planos de se tornar médico para se dedicar integralmente ao poker.
Depois de alcançar premiações de seis dígitos em vários eventos em Las Vegas no início da carreira profissional, seus primeiros prêmios milionários viriam em eventos do World Poker Tour. Em 2005, venceu o US$ 10.000 Main Event do L.A. Poker Classic e levou US$ 1.859.909. Poucos meses depois, em uma campanha notável em janeiro de 2006, Mizrachi venceu o WPT Borgata Winter Open e faturou US$ 1.173.373, além de terminar como vice-campeão no Gold Strike World Poker Open em Tunica, onde embolsou mais US$ 566.352.
O Início de um Caso de Amor com a WSOP
Após um destaque ao terminar em 3º lugar no US$ 10.000 Pot-Limit Omaha da WSOP 2008, que lhe rendeu US$ 331.279, o verdadeiro verão de explosão de Mizrachi no maior palco do poker aconteceria em 2010.
Conquistando o primeiro de seus recordes de quatro títulos do US$ 50.000 Poker Player's Championship, o jovem Mizrachi chamou a atenção do mundo ao vencer um dos eventos mais prestigiados do verão e faturar US$ 1.559.046 — com seu irmão Robert, de forma impressionante, terminando em quinto lugar no mesmo torneio.
E Mizrachi não parou por aí. Em uma cena que refletiria o que viria quinze anos depois, ele fez uma deep run no Main Event da WSOP 2010, tornando-se parte do famoso November Nine daquele ano. No entanto, terminou em quinto lugar, com um prêmio de US$ 2.332.992, enquanto Jonathan Duhamel acabaria levantando o bracelete de campeão.
Longe das luzes de Las Vegas, Mizrachi teve seu primeiro grande sucesso internacional em 2011, conquistando seu segundo bracelete na World Series of Poker Europe em Cannes, na França. Ele venceu o €10.400 No-Limit Hold'em e levou €336.008, dobrando sua coleção de braceletes na glamourosa Riviera Francesa.
Domínio no PPC com Brian Rast
Após vitórias importantes em Las Vegas e Cannes, Mizrachi retornou ao Rio em 2012 com a meta de reconquistar o título do Poker Players Championship — e conseguiu. Provou que 2010 não havia sido um acaso ao superar uma mesa final repleta de estrelas como Chris Klodnicki, Roland Israelashvili e Stephen Chidwick, faturando pouco menos de US$ 1,5 milhão e seu terceiro bracelete da WSOP.
Com o passar dos anos, Brian Rast emergiu como seu principal rival no PPC, com vitórias em 2011, 2016 e 2023. Juntos, os dois conquistaram sete dos últimos quinze títulos do PPC — um nível de domínio impressionante em um dos torneios mais exigentes do poker. De forma simbólica, Rast estava no palco do Horseshoe Event Center hoje, quando Mizrachi recebeu o bracelete de campeão mundial e o troféu do Hall da Fama.
Mizrachi completou sua tríplice coroa no PPC em 2018 com mais uma premiação milionária: US$ 1.239.801. Depois, em 2025, fez história ao se tornar o primeiro jogador da história a vencer o Poker Players Championship quatro vezes. A vitória histórica veio com um prêmio de US$ 1.331.332, após derrotar o líder da lista de ganhos de todos os tempos, Bryn Kenney, no heads-up — abrindo vantagem definitiva sobre Rast.
Fora do legado no PPC, Mizrachi também adicionaria mais um bracelete em 2019 ao vencer o US$ 1.500 Seven Card Stud Hi/Lo 8 or Better..
Campeão mundial e Hall da Fama
Já com seis braceletes da WSOP antes da edição de 2025, a vitória de The Grinder no Poker Players Championship o elevou a um novo patamar de lendas, ao lado de nomes como Daniel Negreanu, Rast, o também introduzido ao Hall da Fama em 2025 Nick Schulman, entre outros.
Com o legado já consolidado entre os maiores da história do jogo, ele entrou na maratona do Main Event da WSOP deste ano no Dia 1B, em uma campanha marcada por oscilações dramáticas de stack ao longo dos dias.
Ainda assim, The Grinder fez jus ao apelido, e mesmo com um stack minúsculo no Dia 7, restando apenas 19 jogadores, protagonizou um dos retornos mais impressionantes da história da WSOP, saindo de apenas três big blinds no Dia 8 até encerrar o dia como segundo maior stack e garantir sua vaga na mesa final.
Mizrachi, que esteve all-in e em risco pelo menos três vezes naquele dia, demonstrou o coração de um verdadeiro campeão mundial, retomando o controle e entrando no penúltimo dia do torneio em posição dominante.
O que se viu nos Dias 9 e 10 foi uma das performances mais dominantes já vistas em uma mesa final: Mizrachi abriu vantagem de quatro para um sobre os quatro últimos adversários ao fim do Dia 9.
Inacreditavelmente, o dia final foi ainda mais dramático. O americano eliminou dois jogadores nas duas primeiras mãos da sessão decisiva antes de derrotar John Wasnock no heads-up para concluir o trabalho e se tornar campeão mundial em apenas 20 mãos, em um encerramento eletrizante.
Após receber apoio quase unânime da comunidade do poker para uma cerimônia especial de introdução ao Hall da Fama caso vencesse, The Grinder foi agraciado com o bracelete mais prestigioso do poker, o prêmio de US$ 10 milhões e a entrada formal no Hall da Fama do Poker, diante de uma torcida emocionada e ensurdecedora.





