Entrevista com Pius Heinz, Campeão do Main Event das WSOP 2011, Parte 2
Recentemente, o Team PokerStars Pro Pius Heiz venceu o Main Event das World Series of Poker 2011 e embolsou $8,715,638. No dia seguinte à conquista, o novo campeão falou com exclusividade à PokerNews. Na primeira parte da entrevista, o jovem alemão falou da sensação de vencer o torneio e o que ele pretende fazer com o dinheiro. Na parte 2, ele discutiu a mesa final e o heads-up com Martin Stazsko.
Como você reagiu à atmosfera da mesa final, sob todas aquelas luzes e câmeras?
Muito sick. Muito, muito emocionante.
Você ficou nervoso, afinal?
Sim, especialmente quando iniciamos o nine-handed. Eu estava muito nervoso na primeira meia hora, minhas mãos tremiam e tudo mais. Apenas no início, depois me acostumei com tudo isso.
Como foi voltar para jogar o three-handed, ao invés do heads-up?
Foi interessante. Obviamente, foi muito mais rápido do que se esperava. Mas sim, acho legal a idéia de três e não apenas dois retornarem no outro dia.
No Domingo, você assumiu a liderança em fichas e seu jogo começou a encaixar. Não seria melhor jogar toda a mesa final no Domingo ao invés de parar e retornar na Terça-Feira, deixando seus oponentes ajustarem suas estratégias?
Não, eu realmente esperava esta pausa. Quando o jogo chegou ao three-handed, eu estava exausto. Acredito que lá pela meia noite, após 12 horas de jogo, basicamente. Então sim, eu definitivamente não estava triste com a pausa.
Na Terça-Feira, como você reagiu ao ver Ben Lamb e Martin Staszko apostarem todas as suas fichas logo na primeira mão e por quem você estava torcendo?
Pessoalmente, para o Ben, porque gosto muito dele, o respeito e o considero um grande cara. Considerando o que era bom para mim na mesa, para o Martin. O que não significa que eu queira tirar os méritos do Martin, acho que ele é realmente muito bom, mas o Ben é muito sick, você sabe.
Como foi jogar o heads-up contra Martin Staszko? Ele entrou de limp por diversas vezes, talvez por presumir que você aplicaria muitas three-bets. Você mudou seus planos quando ele começou a faze-lo ou você havia planejado tudo isso?
Eu acho, realmente, que ele foi muito inteligente. Eu definitivamente tive problemas com a sua estratégia. Normalmente, eu o puniria por seus limps, mas quando você se depara com três e cinco por diversas oportunidades não há muito o que fazer contra o seu limp no botão.
Então, sim, acredito que foi muito inteligente da parte dele e eu definitivamente tinha problemas com isso, um pouco porque me forçaria a jogar com mãos fracas, como Três-Cinco off fora de posição pós-flop, contra um jogador inteligente como o Staszko.
Vocês jogaram heads-up muito longo, com poucos intervalos por causa da cobertura ao vivo da ESPN. Tudo isso cansou você?
Sim, quero dizer, eu entendo que a ESPN não pode daixar o show parar e tudo mais, mas para o jogador que está lá — brigando por uma diferença de quase três milhões de dólares — sim, eu definitivamente gostaria que houvessem mais intervalos.
Como você se sentiu emocionalmente com as sucessivas trocas de liderança entre você e Staszko? Parecia que você grindava, grindava, grindava, assumia a liderança e então perdia um grande pote e tudo voltava ao início.
Basicamente, foi assim que aconteceu. Em algum ponto, comecei a ficar frustrado, porque eu nunca acertava uma mão como ele. Foi muito, muito difícil neste momento, mas eu apenas tentei não perder o meu foco e jogar tão bem quanto eu poderia, enquanto esperava cartas melhores.
Há algumas mãos que eu gostaria de discutir. A primeira é aquela do Rei-Dama que você decidiu blefar com um raise no river. Você poderia falar do seu raise no river depois de dar check no turn?
Sim, claro. De início, o meu jogo preflop é razoavelmente padrão. Eu poderia tribetar ali, mas optei apenas pelo call. O flop também foi padrão. Tenho a melhor mão muitas vezes. Quando o Nove veio [no [I]turn[/I]] e ele não apostou, de início pensei que o meu Rei-Dama continua sendo bom, mas não há necessidade de um blefe porque ele não vai desistir. Ele pode largar um Seis, raramente, ou uma mão como par de Cincos ou Quatros, mas apenas isso. Sendo assim, não há sentido algum em apostar.
Penso que ele discordou, uma vez que ele deu um grande call com par de Reis. Depois do check behind, eu poderia estar representando um Nove. Posso representar também uma mão como Ás-Dez, Ás-Valete ou até Ás-Dama, que possivelmente eu não tribetaria. Mas eu provavelmente tribetaria Ás-Rei.
Não sei se você viu a cobertura ontem à noite, mas quando você deu o check no turn e subiu a aposta no river, Antonio Esfandiari comentou que você nunca teria um Nove nessa linha.
Ok, yeah, eu não concordo. Não concordo mesmo.
Você se surpreendeu com o call com par de Reis?
Sim, fiquei muito surpreso. Quero dizer, é o tipo da linha que a maioria não blefa. Normalmente, quando as pessoas jogam desta forma no flop com Ás-Valete ou algo do tipo, eles vão apostar no turn. Isso é o que você espera e é por isso que você não aposta com uma mão como Ás e Seis, uma vez que pode dar check-call e tirar um grande valor de todos os floats.
Quando você dá check behind] você representa algum valor de showdown, e o meu valor de showdown nesse bordo deve ser Nove-X ou Ás-X. E em um percentual muito, mas muito pequeno de mãos posso blefar no river com algo como Rei-Dama, Rei-Valete, Rei-Dez ou um Seis. Então, sim, penso que a minha linha faz sentido — apenas digo que tenho um Nove com bastante frequência ali.
Em outra grande mão, o grande momento de todo o embate, foi o seu Ás-Dama contra o Rei-Nove de Staszko. Você poderia falar sobre a mão?
Sim, o preflop foi padrão, talvez não pelo limp dele, mas ele já vinha fazendo isso. No flop, acertei um draw gut shot para sequência. O flop não foi bom, não trouxe sequer uma carta de Copas, então não tenho backdoor em Copas. Me surpreendi quando ele subiu a aposta, uma vez que eu acertaria esse flop com frequência.
Quando ele subiu eu fiquei muito perplexo, mesmo porque eu tinha um pequeno tell dele, acredito. Quando ele apostava suas fichas sem olhar para mim enquanto eu olhava para ele, ele desistia ou tinha um range mais fraco. E quando ele olhava para mim, estava frequentemente mais forte. Então, olhei para ele por um minuto ou um minuto e meio e ele não olhou para mim uma única vez. Então, cheguei a conclusão que o seu range era fraco.
Analisando o seu range, não há muitas mãos que expliquem o seu limp-call. Ele nunca jogaria um Rei desta forma, de início. Ele definitivamente subiria a aposta com Rei-Dez, par de Reis, Dez ou Setes preflop]. Então, as únicas mãos que ele poderia ter era Dez-Sete suited ou Rei-Sete suited, talvez rei-Sete off, mas isso é desanimador novamente, uma vez que eu não sei se ele pagaria 5.5 milhões a mais, quando eu só tinha 80 milhões — 33 big blinds ou algo do tipo — no início da mão. Então, basicamente, ele quase nunca tem uma mão que explique o raise no flop. Eu tinha uma broca, e fui com ela.
Sabendo que ele havia desistido com Dama-Seis de Copas com um flush draw no flop, este call te surpreendeu?
Sim, eu não sabia o que ele estava fazendo naquela mão.
Ele poderia ter pago na outra vez também.
Honestamente, eu não sei o que ele estava pensando. Acho que a linha é muito ruim. Talvez ele tivesse uma boa mão. Ele é um grande jogador, mas discordo dele nessa linha. Não faz sentido para mim.
Na última mão, o que passou na sua cabeça quando a última carta foi virada e você se tornou oficialmente o novo campeão mundial?
Fiquei realmente muito feliz que tudo havia terminado. Corri até a minha torcida e fui abraçado por todos. Eu quase não conseguia respirar, todos me abraçavam muito forte, e eu desapareci no meio da multidão. Foi um momento incrível.
Depois que tudo se acalmar, onde te veremos novamente?
A próxima coisa que vou fazer é jogar o EPT em Praga. Estou muito ansioso. Depois, devo jogar vários EPTs. Não gosto muito de viajar, então não devo participar de tantos torneios.
Te encontramos no PokerStars Caribbean Adventure em Janeiro?
Sim. Vou ao PCA, Berlin, Viena e à Grand Final em Madrid. Basicamente, jogarei quase todos os EPTs desta temporada.